DIY é mais do que estimular o cérebro, é também uma forma de ser contra o sistema corporativo/industrial e também monetarista.
Podemos trocar experiências, conhecimentos e até mesmo o produto final.

Na construção a coisa é sem mimimi e momomo, o papo é rústico e reto! :oD

Sai da cidade grande em nome de um dia a dia mais salubre e para construir minha casa com uma boa oficina, e nela poder fazer minhas estrapizongas mais livremente, o resto é história...

domingo, 4 de maio de 2014

Construindo minha casa - Planta e material / Parte 2 de 3

O seu croqui ou esboço da planta pode ser bem feito e bastante próximo do projeto final, e não é necessário ser arquiteto para fazê-lo.
O arquiteto (o bom arquiteto) deve te propor soluções interessantes para as suas necessidade, mas supondo que, assim como eu estava, você esteja com a grana meio contada e acabe pegando um "alugador de CREA" (esses arquitetos meia-boca que inundam o país), então pense em algumas coisas básicas.

Primeiramente eu diria para não inventar firulas, como eu já disse anteriormente queremos morar bem e gastar o mínimo possível e não aparecer na Caras. Como você vai ver mais adiante, é possível ter alguns "luxos" mesmo sendo mão-de-vaca.

O "não inventar firulas" seria:
  • Nada de paredes curvas, casa cheia de recortes (a não ser em casos estritamente necessários) e demais bichices arquitetônicas.
  • Procure evitar grandes vãos livres e lajes em balanço (o custo das colunas e vigas faz a obra ir às alturas). Pense em lajes com no máximo 5 metros de vão livre.
  • Procure fazer parede sobre parede no caso de sobrados.
  • Procure manter tudo com parte hidráulica num mesmo lado da casa e quando for um sobrado, banheiro sobre banheiro ou sobre lavabo e assim por diante.
  • Faça aberturas (portas e janelas) com medidas padrão. Sendo mais fácil de achar é mais fácil de "garimpar"!
Do resto, eu faria umas observações genéricas:
  • Não pense duas vezes antes de NÃO gastar! Se você puder economizar R$ 10,00 em algo o faça! Em construção, cada centavo é importante pois são eles que em grande parte farão a diferença no total gasto. Imagine economizar R$ 2,00 num saco de cimento, parece pouco, mas em 500 unidades (parece muito mas não é) já serão R$ 1000,00!
  • Não seja idiota de manter essa "pãodurisse" em coisas importantes! Por exemplo: uma tinta vagabunda como a Coral (experimentei a linha toda e só recomendaria o esmalte sintético) fará você gastar muito mais material e com mão-de-obra. Mais demãos, repintura em menos tempo, etc.
  • Não seja dogmático e crédulo. Essa conversa de "há 20 anos trabalho com isso" não é aval para verdades religiosas. Se pedirem Vedacit pesquise o que é. Essa metonímia (lembra? Marca pelo produto e tal...) usada esconde opções boas e econômicas.
  • Cuidado com as carteiradas. "Sou PhD pela Uniesfincter" e tal. Quando chega-se a esse ponto significa que o discursante não tem mais argumentos.
  • 3x3m ou 5x5m? Pense nos tamanhos em escala real. Use onde você mora como base para qual o espaço você realmente precisa. Se você mora numa caverna desenhe no chão que facilita.
  • Pense que é mais importante a sensação de espaço do que, muitas vezes, ele em si: uma casa de 70m² num terreno de 150m² pode ser muito melhor do que uma casa de 150² num terreno de 180m². O isolamento em relação aos vizinhos te garante ventilação, iluminação e principalmente privacidade! Um apartamento de 1000m² nunca será grande, continua sendo uma construção 'para os outros', que te engaveta numa enorme lápide da onde você nunca terá as estrelas sobre sua cabeça.  Por outro lado, morar nesses guarda-roupas que estão fazendo atualmente só pode ser uma piada.
  • Essa última consideração me leva a lembrar de algo: condomínio fechado é roubada. Esse papo de ficar segregado do mundo tendo a ilusão de segurança, com todo mundo botando o bedelho na tua vida, fazendo medição de pinto (desculpem a expressão: é aquela coisa novo rico da ostentação) e ainda pagando taxas tô fora. O contraponto: http://www.bbc.com/capital/story/20140224-the-joy-of-minimalist-living
  • Vou reforçar: tenha em mãos o código de obras do município! As regras do código de obras te garantem tranquilidade para legalizar tudo e não pagar "café" a nenhum rato fiscalizador. Em geral também te dão normas para uma moradia salubre, com tamanhos mínimos para cada cômodo, aberturas mínimas, etc.
Sobre a última dica, pense no seguinte: se na capital de SP o código de obras fosse respeitado e houvesse um plano gestor público adequado, a situação caótica seria bem menor, e os discursos hipócritas também.
É fácil reclamar de enchentes quando toda a sua casa é impermeabilizada. Além de ilegal isso é imoral! E tem gente que acha que separando latinhas de refrigerante vai salvar o mundo... 

Futuro ou presente?
Apesar de poder ser modificado durante a obra pois não tem necessidade de ser colocado para aprovação no projeto, existem coisas que são interessantes de já serem pensadas nessa hora (lembre-se do seu controle rígido de orçamento):
  • A casa terá tubulação de água quente separada? Isso encarece razoavelmente a obra principalmente  se a unidade central de aquecimento for a gás, pois neste caso as tubulações terão que ser de cobre. A alternativa um pouco mais econômica é o CPVC (os tubos de PVC térmicos) com aquecedores elétricos pontuais, por exemplo somente no banheiro e na cozinha. Pense se realmente você necessitará. Talvez se você morar no sul do país... sou gaúcho, lá em baixo no frio a coisa pega!
  • Aquecimento solar? Tirando casos em que a família é grande ou há piscina aquecida duvido que valha o investimento.
  • Energia eólica ou painel foto voltaico. Bacana, lúdico, cheio de boas intensões, mas também de difícil pagamento. Vamos ser pragmáticos e menos hipócritas.
  • Coletar água pluvial nesses tempos de reservatórios secando pode ser uma boa. Se a família for pequena como a minha (eu, mulher e dois gatos) dificilmente a economia vale a pena, mas se pensarmos que a água é essencial e as coisas parecem caminhar pra uma situação bastante desagradável, o investimento, ou no mínimo a preparação, vale a pena. O projeto do telhado bem como a posição da tubulação de saída da água devem ser estipulados, bem como se você vai reaproveitar a água (bombeá-la para uma caixa d'água separada sobre a casa). Muito do consumo em uma casa é para regar plantas e lavar quintais. De repente guardar a água apenas no chão para esse uso pode ser um meio termo razoável. Eu fiz isso... em parte...
  • O projeto elétrico geralmente não é necessário para aprovar a planta, mas convém fazer um esboço dele. Calma, não é necessário ser um especialista. Essa é minha área "nativa", mais adiante darei uma geral nisso.
  • Casa "inteligente" (automatizada)? Apesar de trabalhar/estudar/brincar com tecnologia desde os anos 80, não acho nada inteligente gastar rios de dinheiro pra ligar a torradeira remotamente do carro quando se está preso no trânsito. Mais inteligente seria você se livrar dessa vida sem tempo. De qualquer modo isso é algo a se pensar logo de início.
  • Tubulação própria para o telefone e dados (internet/ TV a cabo)? Sim, isso é uma boa, ainda mais sabendo que NUNCA um meio sem fio será tão rápido e seguro quanto um com fio.
  • "Caminho" do Sol, ventos predominantes, se falta muita água na região e a qualidade da mesma, índices pluviométricos e temperatura média são outros dados convenientes de se terem "na mão" para o projeto.

No próximo post vou finalizar essa parte e colocar como fiz minha planta e no que pensei.


Fonte da foto: não me lembro mais. Se quiser me processar vá em frente.

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